"Era
uma vez um escritor que sentou seu vasto traseiro em uma singela e
resistente cadeira e começou a escrever algo do tipo: “era uma vez...”
(bateu uma vontade de escrever isso e por impulso escrevi, mesmo
correndo o risco de alguém sentir uma vontade impulsiva de me xingar, ou
sei lá, mil coisas...).
A
história começa falando de um cara que os amigos chamavam de “Rota”.
Ele era um descrente total. Ateu de carteirinha e acreditava piamente
que não acreditava em nada. Ela, a mocinha desta história, era uma jovem
extremamente religiosa, catequista voluntária, seguidora dos preceitos
de suas crenças, criada em uma família conservadora e fervorosamente
religiosa. Mas mesmo assim era uma jovem descolada e moderna, que
acessava a internet e usava sempre o mesmo Nick: “Juli-MEU” (ninguém
sabia ao certo se o “MEU” em seu nick eram as inicias do sobrenome dela
ou se era algum tipo de referência ao “meu Deus” do qual ela tanto
simpatizava).
Em
um belo dia virtual de sol brilhante (feito com a mais moderna
computação gráfica) eles se encontraram por acaso em um chat,
tornaram-se amigos, trocaram MSNs e começaram a se corresponder por
e-mail. Eram jovens, plugados e sintonizados na mais pura geração Z ou
qualquer letra que represente e catalogue aquela nova e temporária
juventude.
Aos
poucos foram se apaixonando. Trocando senhas e juras de amor eterno.
Ele passou a fazer parte do Orkut da jovem. Freqüentava seu Facebook e
se comunicavam diariamente pelo Skype.
Até
que um dia o pior aconteceu, os pais de Juli descobriram através da
estante virtual do rapaz exposta no SKOOB que ele era ateu. Chegaram a
essa conclusão ao verem os livros por ele lidos e suas resenhas sobre o
assunto. O pai de Juli ficou irascível com este fato, a mãe ainda tentou
contemporizar dizendo que talvez ele fosse apenas agnóstico (sem
necessariamente saber ao certo o que de fato era um agnóstico). Mas o
livro maldito e sacrílego intitulado: “Deus um delírio”, colocado como
favorito na estante do rapaz não deixava dúvidas. Ele era mesmo um
miserável de um descrente. Totalmente indigno do amor de Juli-MEU.
Os
pais de Juli, que sabiam todas as suas senhas e comunidades, bloquearam
o rapaz de sua vida. Excluíram suas mensagens e apagaram os rastros de
sua profana existência. Mas o amor dos dois era mais forte que as
rígidas regras, dogmas e incontestáveis verdades (sem, muitas vezes,
demonstrar qualquer lastro aceitável de veracidade) que permeavam as
crenças dos pais da menina.
Os
tios de Rota, que não morriam de amores por nenhum tipo de igreja ou
culto, acharam tudo aquilo mais um clássico exemplo de intolerância
religiosa e tentaram dissuadi-lo a desistir da menina.
Apesar
das brigas de ambas as famílias sobre o crer e o não crer, Rota e Juli
continuaram sentindo um pelo outro um irresistível bem querer. Passaram a
se encontrar furtivamente através de perfis falsos, mas com um amor
cada vez mais verdadeiro. A paixão que lhes consumia era mil vezes
intensificada pelas proibições as quais padeciam. Caso suas vidas
seguissem sem essas agressões talvez seu romance já tivesse um fim,
naturalmente, como tantos outros namoros adolescentes. Mas a chama da
rebeldia começou a falar mais forte em seus corações.
O
sentimento de amor rechaçado pelo ódio irracional somente aumentava a
ânsia de se encontrarem, de se amarem. Até que o pior aconteceu, os pais
da menina em um gesto extremo retiraram o seu celular e confiscaram seu
notebook. Cercaram seus passos. Mutilaram sua liberdade. Mas quanto
mais aprisionavam seu corpo real e virtual, mais sua alma voava e sua
mente enlouquecia pela saudade.
A
situação de Rota não era muito diferente, brigas constantes queriam
obrigá-lo a deixar de amar Juli, como se fosse possível aplacar aquele
músculo pulsante que em seu peito batia descompassadamente, clamando por
ela.
Em
uma das poucas saídas de Juli para ir à padaria, conseguiu entrar
furtivamente em uma lan house. Lá fizeram contato, e decidiram fugir
para se casar. Combinaram dia e hora para isso acontecer, e a notícia se
espalhou como tinha de ser. Muitos queriam ajudar, outros apenas se
meter. Na escola um notebook em seu armário ela encontrou e escondeu-o
em sua pasta longe das vistas de qualquer professor.
No
rastro da notícia os pais da menina descobriram a armação, e arranjaram
para ela um casamento com um rapaz cristão. Porém, de posse se seu
notebook escondido, ela entrou em sites Deep Web (coisa muito barra pesada), e encomendou uma estranha poção, deixando um aviso para Rota lhe explicando a sua intenção.
Mas
o destino parecia conspirar contra os dois e numa falha de provedor a
mensagem se extraviou, reaparecendo muitas semanas depois. De posse da
poção fria ela se plugou na webcam e todo frasco bebeu, caindo como
morta para espanto de milhões de internautas que através de sua conexão
on line a tudo assistiam.
Quando
Rota se plugou e tal feito presenciou não agüentou a pressão, twitando
para os seguidores de sua rede que era o fim para ele também. Vasculhou
no Google e em poucos segundos já sabia o que fazer, tirando a própria
vida para quem quisesse ver.
Era
noite de dezembro e Milhões de internautas fissurados nos
acontecimentos iam retwitando alucinados a cada momento deste sinistro
evento. As mensagens iam se replicando e a cada segundo mais povo na
internet ia se conectando. Foi quando o improvável aconteceu, a menina
acordou, foi tudo falcatrua, ela encenou a morte para sensibilizar os
pais a voltarem atrás, mas agora era tarde demais. Seu amado caído ao
chão diante de sua tela de LCD era à gota d’água, a menina não queria
mais viver. Foi até a cozinha e voltou com uma faca afiada, de frente
para CAM deu fim a sua jornada. O sangue espirrou na lente, descendo
lentamente como um papel de parede decadente.
Os
pais da menina e do rapaz receberam torpedos avisando da tragédia, mas
já era tarde demais. Os funerais foram na mesma capela, um com missa e o
outro apenas com velas. A dor e a desgraça uniram as famílias no mesmo
sentimento, algo que talvez lhes servisse de semente para superar
barreiras de crenças ou descrenças que somente servem para nublar suas
mentes, passando enfim a pensar e agir livremente. Mas somente o tempo
poderá dizer se algo frutificou ou mudou nas cabeças tocadas por estes
acontecimentos. Essa é mais uma nova história antiga, de um amor cheio
de esperanças que como tantos outros se transformou em dor por ter
nascido em um berço de ignorância."
ATENÇÃO:
Se alguém não recebeu o texto “Acredite, você também é uma bomba” fale
agora ou cale-se para sempre, mas se quiser também pode acessar o meu
blog: abrasc.blogspot.come ler este e outros textos de minha autoria.( Nota: Antonio Bras Constante é o autor deste texto)
FILMES
NO YOUTUBE: Produzi dois filmes e postei no Youtube, se quiser
assisti-los e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e
procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” ou “Livro Maldito”, ou
através dos links:
Se gostar dos filmes e tiver conta no Youtube, peço que clique em “gostei” me ajudando assim a divulgá-los.
LIVRO
E LISTA DE LEITORES: Estou distribuindo gratuitamente cópias em PDF do
meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”. Se você quiser o livro
em PDF ou fazer parte de minha lista de leitores, basta enviar um
e-mail para: abrasc@terra.com.br
ULTIMA
DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o
Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto
como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de
divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo: todo e qualquer
desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou
tente fazer sua vida em pedaços).
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E aí, gente, o que acharam? Ah, habilitei para anônimos de novo, então, favor, manter o nível!!