DESNUDANDO A IRA
"Declamarei sempre
Versos a soleira
Quando eles marcharem
Pela minha porta
Fonte de inspiração
macabra
Não necessita mais
Do balanço sedutor
Das meninas de frescor
juvenil
Autoridade pisante
Pelas sandálias e
chinelos
Sapatos finos de saltos
Com desenhos de
coturnos
Fileiras de pés
inchados
Com mãos calosas
Ainda se servem
Mesas postas por
Mussolini
Quase um século
Embrutecido em dias
Não se abre mão
Por luvas brancas
manchadas
Não importa, contudo
Que se levantem
bandeiras
Coloridas em tons
Amarelos, verdes ou
azuis
Porém, o naufragar
Do “barco democrático”
Não deixa de amargar
Quando as flâmulas são
vermelhas
Derrubam-se estátuas
Sem pedir licença
Para escultores de arte
Que não combate idéias
e equívocos
Ofuscam-se objetivos
humanos
Com projetos da
Barbárie
Aliançados com santos e
escribas
Na cadência de Estados
de classe
Mas na frente de
batalha
Há ainda quem chore
Pelo olho que perdeu
Com a cegueira doada
Dilacera membros
inteiros
Espinha dorsal
fraturada
Homens e mulheres
aleijados
Cadeiras de rodas ao
combate
Fuzis, Pistolas e
bombas
Massas que rolam
padecem
Troco nem sempre certo
Mas alvo que se treina
acerta
Morrem-se mais
acidentados
Que em guerras de
rapina
Morreram-se mais em
guerra civil
Que nas insurreições
acontecidas
Das penas que digitam
Aos que impunham
coquetéis
Jovens que não se
abatem
Jornadas de liberdade
São eles a esperança
Pelas ruas e praças
Para combater-se em
continentes
Ações do capital
São assim, todavia
sempre
Máscaras negras que
caem
Nas trombadas dos
gorilas
Do chão às copas altas
Mas aqui vamos nós
Nos debates e nas
freqüências
Dançando nas lutas
Com razão lógica e
livre
Sentimentos sinceros
Proletários puros
Corações abertos e
feridos
Sangrando emoções em
luto
Amputando os sonhos
Mutilando a alma
buliçosa
Soluçando borbulhantes
pingos
Com lágrimas da
história que passa
Odiando os de papéis
pintados
Burgos gelatinosos
cheios
Que nos mandam
cassetetes e tonfas
No fogo das barricadas
Sensibilidade que se
brota
Pelos poros corações e
mentes
De uma alma que não
descola
Dos que tombam pelo
amor a vida"
CARLOS MAIA -
17.03.14
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E aí, gente, o que acharam? Ah, habilitei para anônimos de novo, então, favor, manter o nível!!